A obesidade é um problema de saúde global que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo o Atlas 2023 da Federação Mundial da Obesidade, 51% do planeta, ou seja, 4 bilhões de pessoas serão obesas ou terão sobrepeso até 2035. Acima de tudo, vale ressaltar que a condição é complexa e multifatorial, resulta da interação de diversos fatores, entre eles três principais: genética, comportamento e ambiente.
É uma doença?
Vários estudos científicos destacam a influência de predisposições genéticas na regulação do peso corporal, bem como o papel de desequilíbrios hormonais, como por exemplo a resistência à insulina. Além disso, o ambiente em que uma pessoa vive desempenha um papel fundamental, incluindo acesso limitado a alimentos saudáveis, estresse e sedentarismo.
Como já comprovado, a obesidade é complexa e requer abordagens multidisciplinares para prevenção e tratamento, incluindo intervenções médicas, dieta equilibrada, atividade física e apoio psicossocial. Portanto, considerar como uma mera falta de força de vontade não apenas ignora suas raízes multifacetadas, mas também perpetua estigmas prejudiciais que dificultam a busca de tratamento adequado por parte das pessoas afetadas.
A palavra do especialista
Segundo os especialistas, aqueles que sofrem com o excesso de peso e suas complicações, sem sucesso com outras abordagens, a cirurgia bariátrica pode ser uma opção. O procedimento elimina significativamente o peso, além de prometer melhorar a saúde geral, ou seja, reduz o risco de várias condições crônicas, como diabetes tipo 2, doenças cardíacas e pressão alta. Isso ocorre porque a perda de peso melhora a sensibilidade à insulina, reduzir a pressão arterial e a carga sobre o coração. Da mesma forma, reduz o estresse nas articulações e problemas articulares.
A perda de peso também está associada a melhorias na qualidade do sono, redução da apneia do sono e benefícios psicológicos, como um aumento na autoestima e na saúde mental. Portanto, é evidente que a eliminar peso tem um impacto positivo substancial na saúde geral e no bem-estar
Para o ex-presidente da Federação Internacional para a Cirurgia da Obesidade e Transtornos Metabólicos – IFSO, além de também ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o cirurgião bariátrico Almino Cardoso Ramos, optar pelo procedimento é uma decisão importante e transformadora para aqueles que há muito sofrem com a doença.
“A pessoa obesa, além do excesso de peso, convive com doenças de alta gravidade como as cardíacas, o diabetes, a hipertensão, entre outras. Nesse sentido, se submeter à bariátrica pode possibilitar uma melhor qualidade de vida, com mais saúde, inclusive”, analisa o cirurgião.
Existem diferentes técnicas para o procedimento. Portanto, a escolha da mais adequada está em uma avaliação individual, onde se leva em consideração fatores como o índice de massa corporal (IMC), condições de saúde, histórico médico e preferências pessoais. “É importante discutir as opções com um especialista para determinar a melhor abordagem”, alerta Ramos.
Conheça algumas técnicas bariátricas:
Bypass gástrico ou gastroplastia redutora:
Também conhecido como cirurgia de bypass gástrico em Y de Roux. O órgão perde 80% da capacidade. Uma pequena bolsa estomacal criada limita a ingestão de alimentos. Em seguida, uma porção do intestino delgado é desviada e conectada à bolsa estomacal, permitindo que o alimento contorne parte do estômago e do intestino delgado. A estimativa de eliminação de peso está entre 30 e 35%, com a possibilidade de alcance maior.
Gastrectomia vertical ou Sleeve Gástrico:
Nesse procedimento, a curvatura do estômago é removida, criando um estômago em formato de tubo ou “sleeve”. Dessa forma, a capacidade do órgão é significativamente limitada. Além disso, como é retirada a grande curvatura do estômago, o paciente perde o estímulo da grelina (hormônio da fome), que é produzido exatamente no fundo do estômago e que não existe mais. A estimativa de emagrecimento está entre 20 e 25% do peso atual.
Balão Intragástrico:
Nessa técnica, menos invasiva, o estômago recebe, por endoscopia, um balão flexível, preenchido com uma solução salina ou ar. Como ocupa espaço, faz com que a pessoa se sinta satisfeita com menos quantidade de alimento. É um procedimento temporário. A nova versão dispensa internação hospitalar, sedação ou anestesia. É um balão deglutível ou de engolir.
“Uma tecnologia especial, permite que o paciente, acordado e sentado, engole com água uma cápsula onde está o balão. Por meio de um tubo minúsculo, removido pela boca, ele preenchido. Cada técnica tem a sua especificidade. Cabe ao cirurgião, em conjunto com a equipe multidisciplinar, orientar o paciente para o procedimento que melhor atenda as necessidades dele”, finaliza o cirurgião.