As células-tronco mesenquimais já se mostraram versáteis para tratamentos em diferentes áreas da saúde, como endocrinologia, oncologia, ortopedia e até mesmo estética. Elas podem ser interpretadas como verdadeiros medicamentos naturais presentes em nosso próprio organismo. Isso porque as células-tronco mesenquimais possuem características anti-inflamatórias, além de induzir células vizinhas a se regenerarem. Essas duas características das células-tronco mesenquimais (entenda aqui a diferença entre tipos de células-tronco) faz com que elas sejam também muito promissoras na medicina do esporte. Atletas amadores e profissionais sofrem lesões com frequência, levando, muitas vezes, ao encerramento da carreira precocemente. Veja hoje sobre o uso das células-tronco na medicina do esporte e como clínicas de ortopedia já estão realizando terapias celulares frequentemente. Segue com a gente!
Células-tronco mesenquimais: o que são?
Antes de falarmos sobre os tratamentos e potenciais regenerativos das células-tronco, é importante explicarmos as diferenças entre células-tronco.
É comum muita gente confundir, e achar que células-tronco são todas iguais. Na realidade, existem dois grandes tipos de células-tronco que podem ser coletadas após o nascimento: células-tronco hematopoiéticas e as mesenquimais.
As hematopoiéticas são as responsáveis por formar células sanguíneas e de defesa do organismo. São as coletadas pelo sangue do cordão umbilical, e são utilizadas, principalmente, no transplante de medula óssea.
Já as células-tronco mesenquimais são diferentes. Elas são coletadas pelos dentes de leite, dente do siso, céu da boca ou tecido adiposo (gordura). Esse tipo de célula-tronco origina as células de tecidos sólidos do corpo. São exemplos as células cardíacas, células de osso, gordura, cartilagem, neurônios, células produtoras de insulina, de vasos sanguíneos, entre muitos outros tipos. Basicamente, tudo que não é sangue.
Mas essas células-tronco mesenquimais também tem uma característica especial. Elas possuem um potencial chamado de imunomodulador. Ela consegue modular a resposta inflamatória do organismo, atuando como um anti-inflamatório natural do organismo.
É como se as células-tronco mesenquimais chegassem na região lesionada e dissesse para as outras células “está tudo bem, já estou aqui”. 😎
Células-tronco na Medicina do Esporte.
Bom, mas o que isso tem a ver com a medicina do esporte? Tudo!
É comum que atletas sofram com lesões e dor crônica, impedindo de treinarem e terem bom desempenho. Atualmente, os esportes estão cada vez mais exigentes, levando ao aumento de lesões e aposentadorias precoces.
Até mesmo jogadores da pelada do fim de semana sofrem com dores crônicas, fazendo com que, depois de uns anos, sofram com desgastes da cartilagem e outros problemas no joelho.
Por conta de seu potencial anti-inflamatório, as células-tronco na medicina do esporte podem atuar para controlar a dor do paciente. Em paralelo, elas podem também promover a regeneração, induzindo as células vizinhas a se transformarem em células de cartilagem. Essa forma de terapia é amplamente estudada no Brasil e no mundo.
Tratamento com células-tronco na ortopedia.
O Doutor Tiago Lazzaretti, que atua no grupo de medicina do esporte do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, recentemente conduziu pesquisas nessa direção. De acordo com o doutor, a ortopedia está se tornando mais personalizada. Antes era comum utilizar elementos mecânicos – placas, parafusos, próteses -, mas a prática médica está em transição para mais tratamentos personalizados e/ou com uso da biologia.
Ele complementa que o uso de células-tronco no ambiente lesionado permite que ela regule as outras células dos sistema inflamatório, diminuindo a inflamação, e ainda estimular a produção de cartilagem. Lesões de cartilagem que se acumulam ao longo do tempo podem levar a problemas como artrite ou artrose, doenças consideradas sem cura atualmente.
O Dr. Bernadino Santi, traumatologista, médico do esporte e membro do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), comenta também que as terapias celulares representam novas perspectivas de tratamentos para a ortopedia. Confira:
Recentemente também vimos outro caso de uso das células-tronco. O jogador Ferreira, de só 24 anos, sofre com dores musculares na coxa direita. Ele sente forte dores, faz tratamentos, mas a dor sempre retorna. O médico que ministra o tratamento, Dr. Luiz Felipe Carvalho, agora planeja iniciar o tratamento do jogador com células-tronco. Ele também participou do tratamento do jogador do Internacional Rodrigo Dourado, do uruguaio Nicolás Lodeiro, jogador do Seattle Sounders, e o tenista Pablo Cuevas, também uruguaio.
Em entrevista para o Portal UOL, Dr. Carvalho aponta que acredita que a lesão será curada na metade do tempo.
“A célula-tronco cabe para recuperação de lesões, porque a célula é o grande potencial de cicatrização do corpo. Se fizer uma lesão que na literatura médica indica que levaria 30 dias para curar, com célula-tronco corto o prazo em até 50%. E digo, em até 50%, porque depende de uma série de coisas: qualidade celular, vida do atleta, sono, alimentação, musculatura, vários fatores” – Dr. Felipe Carvalho para o UOL Esporte.
Comprovação de segurança e eficácia do tratamento.
O doutor também comenta que os tratamentos com células-tronco na medicina do esporte são uma realidade em clubes da Europa e possuem comprovação científica. Ele diz que a insegurança com os tratamentos com células-tronco vem pela falta de conhecimento, mas na Europa isso já é bem difundido.
Ele finaliza dizendo que não só para atletas, mas para qualquer pessoa, para lesões menores, o procedimento acelera a cicatrização e acaba com as dores que afetam todos os aspectos da vida.
Tratamento com células-tronco no Brasil.
Agora você pode estar se perguntando “mas tratamentos com células-tronco já são autorizados dentro do Brasil?”. Sim, são autorizados, mas existem alguns detalhes importantes para serem discutidos.
No caso dos jogadores, e até mesmo do transplante de medula óssea (que é um transplante de células-tronco), os tratamentos são realizados com frequência e são bem estabelecidos.
Para entender isso, é importante entender que terapias celulares são classificadas em dois grandes grupos: terapias convencionais e terapias avançadas. As terapia convencionais são as que coletam células-tronco e as utilizam para a mesma função, sem manipulação do material. Ou seja, as células não são transformadas e não passam por criopreservação ou laboratórios como a R-Crio. Nesse caso, as terapias são autorizadas pela Anvisa há alguns anos por conta da simplicidade.
As terapias celulares avançadas são diferentes. Nesse caso, as células-tronco passam por transporte, vêm para laboratórios de processamento celular (como a R-Crio), são multiplicadas e são enviadas de volta ao paciente. Isso caracteriza uma terapia avançada. Portanto, nesse caso, existem mais pontos de atenção com a qualidade das células, e por isso a terapia é considerada avançada.
Terapias avançadas no Brasil
São três tipos de tratamentos considerados terapias avançadas: terapia gênica, terapia celular avançada e engenharia de tecidos. Em 2020 a Anvisa passou a olhar para essas terapias de alta tecnologia (e complexidade). A agência se baseou em regulamentações de fora do país, como o EMA (Europa), FDA (EUA) e PMDA (Japão), locais onde as terapias avançadas são comercializadas e realizadas com frequência.
Isso mudou o cenário brasileiro, nos colocando na vanguarda da medicina regenerativa mundial. Dessa forma, os tratamentos em fase de investigação e ensaios clínicos que já tiveram comprovação de eficácia e segurança já podem ser registrados e oferecidos à população.
Terapia Celular na Medicina do Esporte.
Como falamos, na ortopedia e medicina do esporte há bastante uso de terapia celular convencional. A mais comum é o tratamento com PRP (Plasma Rico em Plaquetas).
O procedimento consiste em coletar o sangue do paciente e centrifugar, separando um concentrado de plasma sanguíneo. Então esse concentrado é aplicado na área dolorida. A intenção da aplicação é que as células (ou fragmentos de células) presentes no plasma induzam a regeneração da área lesionada e controlem a dor. As técnicas de PRP já são aplicadas na Ortodontia, Cardiologia, Plástica e Ortopedia e Medicina do Esporte.
De acordo com o site Singular.med.br, a técnica é amplamente utilizada e não há perigos de reações alérgicas ou imunológicas, já que o sangue coletado e as células são do próprio paciente. No site PUBMED, principal plataforma de registro de artigos científicos, são mais de 6 mil referências à técnica.
Armazene suas células-tronco hoje!
Para usufruir da medicina regenerativa é muito importante que sejamos conscientes em preservar a matéria-prima principal do tratamento: células-tronco. Essas células são literalmente consideradas medicamentos pela Anvisa, conforme as novas resoluções publicadas.
Portanto, dentro de nosso próprio corpo há um medicamento capaz de tratar doenças que hoje ainda são consideradas incuráveis. Mas devemos ter atenção sobre a qualidade do material. As células-tronco envelhecem conosco, mas a criopreservação permite paralisar a idade delas.
Ou seja, uma vez com suas células congeladas, você sempre terá acesso às suas células de anos atrás, enquanto o resto de seu corpo envelhece normalmente. Com isso, toda célula formada a partir das células-tronco congeladas também serão mais jovens, proporcionando oportunidades incríveis e nunca antes vistas para sua saúde.
Continue lendo nosso blog para mais informações! Até um próximo texto!