A “Doença do Beijo” (mononucleose infecciosa) é provocada pelo vírus Epstein-Barr, conhecido como herpes-vírus humano tipo 4. É comum o contágio por meio da saliva, objetos contaminados (como escovas de dentes ou louças) ou transfusões de sangue. Em épocas como o carnaval, por exemplo, o número de infectados pelo vírus tende a aumentar.
Vírus latente
De acordo com dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 90% da população mundial carrega o vírus latente, frequentemente adquirido na infância, contudo, muitas vezes sem manifestação de sintomas. A mononucleose ativa pode apresentar febre, dor de garganta, mal-estar e aumento das glândulas do sistema imunológico, podendo ser confundida com doenças respiratórias.
Maior disseminação no carnaval
O cirurgião-dentista Sidnei Goldman, especialista em estética bucal, implantes dentários, e membro de entidades como a Sociedade Brasileira de Odontologia Estética e a Academia Americana de Osseointegração, ressalta que a “Doença do Beijo” pode inicialmente assemelhar-se a uma gripe e é comum sua disseminação em eventos festivos, como Réveillon, Carnaval e shows.
“Embora não seja uma regra, a transmissão do vírus pode acontecer em qualquer situação que envolva contato com saliva ou objetos contaminados, além do sangue. Em eventos festivos, por exemplo, pessoas mais, descontraídas, facilitam a disseminação da “Doença do Beijo” ao trocarem o carinho com vários parceiros. Frequentemente, a incubação acontece entre 30 e 45 dias em adultos. Além disso, Goldman destaca que, mesmo após o desaparecimento dos sintomas, a pessoa ainda pode transmitir a infecção.
Tratamento da mononucleose
O tratamento da “Doença do Beijo” é multidisciplinar, dessa forma, envolve cirurgiões-dentistas, otorrinolaringologistas e infectologistas. Goldman destaca que na sua área de atuação, as placas na faringe e as dores de garganta podem levar a uma higiene bucal deficiente, como resultado vem os problemas periodontais, mau hálito e cáries.
Uma das consequências da mononucleose é a fragilização do sistema imunológico, ou seja, torna o corpo mais suscetível a diversas doenças. Estudos científicos apontam uma ligação entre a mononucleose infecciosa e o linfoma de Burkitt, a leucoplasia e o carcinoma. Anomalias nas funções hepáticas também são frequentes.
Para indivíduos saudáveis, a recomendação médica inclui repouso e hidratação. Os profissionais também orientam o uso de medicamentos para combater febre ou infecções na garganta. Diferentemente, os portadores de deficiência no sistema imunológico recebem tratamento antiviral.
O vírus Epstein-Barr e a esclerose múltipla
Estudos recentes nos EUA indicam que a infecção pelo vírus Epstein-Barr, associada a outras condições, pode estar relacionada ao desenvolvimento da esclerose múltipla, uma doença neurológica, autoimune e crônica. Goldman argumenta que o vírus, ao permanecer latente no organismo, pode se adaptar às células do sistema imunológico, levando à confusão na sua resposta, possivelmente contribuindo para inflamações no cérebro e medula, resultando no desenvolvimento da esclerose múltipla.
A esclerose múltipla pode manifestar diversos sintomas, incluindo fadiga, comprometimento visual, dor, perda de controle motor e urinário, entre outros. “Esses sintomas podem surgir tardiamente ou persistir ao longo da vida de forma grave e crônica”, conclui o cirurgião-dentista Sidnei Goldman.