Atitudes como agitação, impulsividade, desatenção são coisas que as pessoas geralmente não têm muita paciência para lidar no dia a dia, mas você sabia que podem ser sintomas do transtorno chamado de TDAH? Ainda mais na vida adulta, em que se espera dos indivíduos um desempenho máximo nas atividades, sem nada para distrair o foco, fica ainda mais difícil abrir espaço para discussões sobre o transtorno. Neste texto, vamos te explicar o que é o TDAH em adultos, e como ele pode ser diagnosticado de maneira tardia.
O que é o TDAH?
É o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, reconhecido internacionalmente pela comunidade científica. É um transtorno neurobiológico e suas causas são genéticas, os sintomas são no geral a falta de atenção, inquietação e impulsividade.
Isso se justifica por estudos de imagens do cérebro em que as áreas responsáveis por controle, atenção ou planejamento possuem uma massa cinzenta menos densa. Ou seja, a dificuldade para a realização de algumas ações não é simplesmente um descuido da pessoa ou falta de vontade e sim uma condição em que seu cérebro se encontra.
Coisas simples do nosso cotidiano como prestar atenção a detalhes, escutar quando nos chamam, cumprir metas e prazos é muito mais difícil para alguém com o transtorno.
Infelizmente em algumas situações ele não é levado a sério, e cabe apenas julgamentos aos portadores de “avoados”. Por isso o entendimento sobre o que é o TDAH é tão importante para acabar com os estigmas que o envolvem.
O diagnóstico tardio de TDAH
Quando pensamos em comportamentos agitados logo os associamos a crianças, mas o TDAH também está presente na vida de adultos. O transtorno pode aparecer na fase avançada por não ter sido identificado e tratado na infância. Também pode surgir após os 18 anos sem nunca ter existido nenhum traço quando a pessoa era criança.
Segundo uma pesquisa da King’s colleges London, 70% dos adultos com o diagnóstico de TDAH não o receberam com a avaliação nas idades de 5 a 12 anos. Ainda não há certeza de que o TDAH na fase adulta seria como um novo distúrbio, para a pesquisadora Terrie Moffitt, sim.
Também há as hipóteses de que o TDAH apenas na fase adulta tem relação com o ambiente social das crianças que não permitiu enxergar os sintomas na infância, como famílias muito protetoras ou escolas pouco atentas.
Para as mulheres é ainda mais difícil o diagnóstico, na infância tentam reprimir os comportamentos hiperativos já que fogem do padrão de feminilidade esperado, como diz aquela famosa frase “meninas são mais tranquilas”.
Existem ainda diversos estudos que poderiam ser feitos para concluir melhor como o transtorno só aparece na vida adulta. Mas um fato que não se pode ignorar é que independente da causa ou da origem, na realidade do adulto haverá maiores consequências e desafios ao lidar com o distúrbio.
Existe uma grande influência na vida profissional, em que há a presença de uma instabilidade maior, o rendimento baixo e a procrastinação podem contribuir para o desemprego dos portadores. As relações sociais também são afetadas, as interações românticas podem acabar pela falta de organização e as amizades pelas queixas da dificuldade na construção de diálogos.
Isso pode contribuir para o surgimento de outros transtornos como a depressão, ansiedade, bipolaridade, entre outros, isolando mais ainda a pessoa com TDAH. É por isso que é tão significativo desmistificar a condição e tratá-la como algo normal, sem preconceitos, para que assim o tratamento possa ser feito da maneira adequada.
É comum o desenvolvimento de outros transtornos como a depressão devido ao sofrimento da pessoa com o TDAH.
O tratamento da TDAH
O que acontece muito em nosso mundo moderno é que achamos normal uma vida cheia de agitações, e isso pode mascarar o TDAH. Mas como vimos, é algo que atrapalha a vida das pessoas e por isso deve existir tratamento.
Para tratar o transtorno, a combinação de vários fatores é eficaz, tais como: o uso de medicamentos, técnicas ensinadas ao portador, e psicoterapia.
Os remédios auxiliam na desordem cerebral e o profissional de psicologia ou psiquiatria tem o conhecimento necessário para identificar e lidar com o distúrbio, o acompanhamento é essencial.
Algumas técnicas práticas para o dia a dia podem ajudar muito, como praticar exercícios e dormir bem. Para auxiliar na organização, definir espaços para guardar as coisas, listas, agendas são elementos úteis. Criar rotinas e utilizar relógios e alarmes contribui também para a administração do tempo.
É possível estabelecer métodos de organização como o uso de agendas para ter uma vida mais leve com o TDAH.
Agora você já sabe que o TDAH na fase da maturidade é extremamente normal e é possível viver com ele, não tenha medo de procurar um profissional e de lutar contra os estereótipos.
O perfil do Tiktok @brunolnunes fala sobre TDAH e ajuda a entender melhor quem passa por isso, comentários como “pude entender melhor agora meu irmão que tem TDAH” estão nos vídeos, mostrando que a informação é a chave para romper com os preconceitos.
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Por Juliana Marques, Jornal Jr- Unesp