Em primeiro lugar, o pé torto congênito (PTC) , popularmente conhecido como “pé virado para dentro”, é uma má formação que pode ser descoberta ainda durante a gravidez.
No entanto, a confirmação só é possível após o nascimento do bebê, por meio de um exame físico.
Segundo o ortopedista pediátrico David Nordon, que também é professor da disciplina de Saúde Pública da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – Campus Sorocaba – PUC Sorocaba, o pé torto congênito pode ser revertido desde que o tratamento seja feito de acordo com a orientação médica.
O médico, juntamente com a esposa Mirian Nordon, que é enfermeira, idealizou o Projeto Pequenos Passos. A iniciativa ajuda crianças de famílias carentes a terem acesso ao tratamento gratuito e completo do pé torto congênito. A assistência vai desde o primeiro gesso até a última órtese (apoio ou dispositivo externo para auxílio ortopédico).
Conforme o ortopedista pediátrico, o desejo de criar um projeto filantrópico é antigo. Desde a infância sonhava em ser médico. Durante a adolescência, se comprometeu a ajudar o próximo em um trabalho filantrópico dentro na medicina.
Nesta entrevista, David Nordon desvenda os mistérios do pé torto congênito.
O que é o pé torto congênito?
É uma deformidade que pode ser observada durante o nascimento. Os pés do bebê ficam virados para dentro. São rígidos e não voltam para a posição normal, mesmo quando forçados. Devem ser diferenciados dos pés tortos posicionais, que voltam para a posição normal quando forçados e têm evolução muito mais benigna. Ocorre mais em meninos e acomete os dois lados na metade dos casos.
Qual a causa?
A condição é mais comum em meninos e, em metade dos casos, é bilateral. A causa ainda é desconhecida, mas há grande influência genética e hereditariedade. Sabemos também que há um defeito na deposição de colágeno, a estrutura gelatinosa que faz a pele, tendões, músculos, ligamentos e ossos. A alteração afeta a parte de dentro e de trás da perna, desde o joelho até o pé, puxando-o para dentro. Com isso, a condição leva a um pé invertido e menor, além de uma perna mais curta e mais fina.
Como é feito o diagnósticos?
É possível observar na ultrassonografia morfológica, antes mesmo de o bebê nascer. Caso isso não tenha acontecido, o diagnóstico pode ser realizado na sala de parto e confirmado por um ortopedista. Não é necessário nenhum exame (como radiografia ou ultrassonografia) para definir o diagnóstico.
E o tratamento?
Uma vez diagnosticado o pé torto congênito, o ortopedista irá iniciar o tratamento mais efetivo que temos atualmente: a técnica de gessos progressivos descrita por Ponseti. Consiste na realização de gessos semanais, geralmente 5 a 7 semanas, nos quais os pés acometidos são corrigidos progressivamente, até ficarem na posição correta.
Por fim, na conclusão do tratamento, 95% dos pacientes passarão por uma tenotomia – corte do tendão de Aquiles para recuperar a capacidade de puxar o pé para cima. Este método é excelente, tornando o PTC um pé flexível, indolor e totalmente funcional, com baixo índice de recidivas e baixíssima necessidade de intervenção cirúrgica maior do que a tenotomia.
Qual a eficácia desse tratamento?
Como resultado, é visto que o método é simples, mas extremamente eficaz. A criança ainda precisará, por um período de uma órtese. A órtese mais comum é a de abdução do tipo Denis-Browne, que consiste em duas “sandálias” separadas por uma barra de metal. Ela é inicialmente usada por 23 horas por dia. Depois, progressivamente menos, até 14 horas por dia, geralmente até os três a quatro anos de idade.
Para quem quiser se inscrever no Projeto Pequenos Passos, como deve proceder, doutor?
Inicialmente, temos alguns requisitos. Os interessados devem acessa o site do projeto pra mais informações. Também estamos abertos para receber apoio de incentivadores.