As células-tronco já são velhas conhecidas da ciência. Nos anos 60 foi feita a primeira publicação científica comprovando a existência de células-tronco por dois cientistas canadenses. Já em 2012, também no Canadá, foi aprovada a primeira terapia com células-tronco mesenquimais! Descubra nesse texto para que servem as células-tronco, e como o armazenamento abre portas para uma nova fase da medicina.
Terapias regenerativas
As células-tronco mesenquimais tem a capacidade de promover a regeneração do corpo humano. Essas células-tronco são as responsáveis por formar células de órgãos e tecidos do corpo, como vasos sanguíneos, células cardíacas, músculo, pele, cartilagem, tecido nervoso (neurônios), células-β (produtoras de insulina), entre muitas outras. Ah, e se você está curioso para saber sobre as diferenças entre elas e do sangue do cordão umbilical, clique aqui.
Então as terapias regenerativas buscam regenerar o corpo utilizando as próprias células-tronco do indivíduo, que podem ser armazenadas na infância. Por exemplo, em caso de fraturas, o osso de uma criança se regenera bem rápido, mas em adultos ou idosos essa regeneração é bem lenta, as vezes nem mesmo acontece. Por isso é importante armazenar hoje para utilizar durante a vida suas células-tronco jovens e saudáveis para auxiliar em algum tratamento regenerativo que venha ser necessário.
Ação anti-inflamatória
Outra propriedade muito importante das células-tronco mesenquimais é o efeito imunomodulador, isto é, a capacidade de modular a resposta inflamatória e imunológica do organismo. As células-tronco conseguem se comunicar com as células que estão próximas a elas, e sinalizar para o corpo que não há mais necessidade de tanta inflamação.
No caso do Covid-19 as células-tronco servem para controlar a inflamação pulmonar causada pela doença. E em doenças neuronais, como o Alzheimer, elas podem auxiliar a controlar a inflamação neuronal, a qual geralmente está presente no desenvolvimento da doença.
Tratamentos personalizados
Células-tronco servem também para estudar doenças. Esse é o caso do estudo do autismo com células-tronco. O espectro autista é bem vasto, e uma preocupação das famílias é o uso das drogas convencionais nas crianças, uma vez que certas drogas são efetivas para uns, e não tanto para outros.
Por conta do potencial de transformação das células-tronco, pode-se diferenciar as células-tronco em células neuronais, por exemplo, e estudar a melhor abordagem para o tratamento. Um trabalho feito em 2015 examinou geneticamente os neurônios da criança autista por meio das células-tronco, e se descobriu que, para aquelas crianças com alteração no gene TRPC6, o princípio ativo da Erva-de-São-João era mais benéfico do que outros medicamentos. A pesquisadora Karina Griesi, do Hospital Israelita Albert Einstein, acredita que as células-tronco possibilitarão tratamentos personalizados para o autismo nos próximos anos.
Bioengenharia de tecidos
Já imaginou um implante dentário ajudar a criar osso? Ou uma prótese ortopédica desenvolver cartilagem? Isso já é possível com a associação de células-tronco, biomateriais e sinais químicos específicos.
Em muitos casos somente as células-tronco não são capazes de ajudar a regeneração. Elas precisam de uma “casinha”, ou seja, um local para ficarem acopladas para poderem se multiplicar e desempenhar suas funções regenerativas. Esse é o papel dos biomateriais na bioengenharia de tecidos e dos fatores de sinalização, ou seja, pequenos sinais químicos que dizem para as células o que elas devem formar. Quer um exemplo?
Para regeneração de tecido cardíaco pode-se criar uma película que tem a capacidade de reter as células-tronco. Essa película tem também proteínas para servir de estímulo químico para as células-tronco saberem que devem formar certo tipo de tecido, por exemplo o músculo cardíaco. Então essa película, com células-tronco e sinais químicos, pode ser transplantada para o coração necessitado e promover a regeneração do tecido. Um procedimento similar a este já foi realizado em Osaka, Japão. A matéria do Japan Times, divulgada pelo Canal Tech, explica sobre isso.
Bioimpressão de órgãos em laboratório
Parece ficção científica, mas essa forma de uso das células-tronco já é realizada no Brasil! Trata-se da bioimpressão de órgãos para substituir – ou acabar – com filas de transplante no mundo todo. A startup brasileira Tissue Labs pretente imprimir o primeiro coração artificial do mundo. O médico e pesquisador da USP, Gabriel Liguori, é fundador da empresa, e no início de 2021 foi nomeado como um dos 35 pesquisadores mais influentes da América Latina, de acordo com o Innovators Under 35 LATAM I 2020, edição em espanhol da revista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
O pesquisador desenvolveu um hidrogel que pode ser utilizado como matéria-prima da bioimpressão. Então com as células-tronco do próprio paciente ele busca desenvolver um órgão funcional por meio da impressão 3D.
Armazenamento de células-tronco
Hoje milhares de famílias já armazenam células-tronco do sangue do cordão umbilical, dentes de leite, dentes do siso, e também adultos já coletam do tecido adiposo e do periósteo do palato (saiba mais aqui).
O armazenamento de células-tronco garante a conservação de seu próprio material biológico para abrir portas para todos os tratamentos médicos que vimos acima. Todos sabemos que a ciência evoluí rapidamente, e principalmente na saúde, esses avanços estão mais rápidos.
O Brasil já está no mesmo patamar de países desenvolvidos onde as terapias celulares já são realizadas com frequência. Agora precisamos desenvolver a cultura do armazenamento, e conversarmos mais sobre as novas oportunidades que a ciência oferece para nossa saúde.
As células-tronco servem para diversas outras soluções, nas mais diferentes áreas da saúde. Acreditamos que a nova década será um divisor de águas para a entrega de ciência e saúde por meio de células-tronco e terapias regenerativas.
Continue acompanhando a gente para saber as novidades. Até a próxima semana!