Há quase dois anos completos, fomos todos surpreendidos pela pandemia do novo coronavírus. A história que seguiu todos sabem: crise sanitária, corrida pela vacina, distanciamento social e polêmicas sobre a melhor forma de tratamento. Enquanto isso, a R-Crio e cientistas do mundo todo estavam olhando para uma forma de tratamento alternativa: células-tronco. Elas possuem algumas características especiais e ainda pouco conhecidas, mas que podem ajudar bastante no tratamento da doença. Entenda nesse texto como as células-tronco podem ajudar no tratamento da Covid-19.
Células-tronco no tratamento da Covid-19
A Covid-19 (do inglês, Coronavirus Disease 2019), causada pelo vírus SARS-CoV-2, é causador de síndromes respiratórias graves. Entre os principais sintomas da doença estão tosse seca, falta de ar, fadiga e dor no corpo, podendo evoluir para falta de ar. Entretanto, os sintomas são agravados pela inflamação do organismo causada pela infecção do vírus, causando lesões no pulmão que podem levar a morte.
Além das qualidades regenerativas das células-tronco, elas possuem também uma propriedade muito especial. As células-tronco mesenquimais (polpa dentária, gordura e céu da boca) secretam exossomos, pequenas “bolsas” (vesículas celulares) que tem um potencial anti-inflamatório gigantesco. O mais interessante é que essas vesículas não possuem carga genética, e por isso podem ser cultivadas em laboratório para serem usadas na medicina.
Desenvolvimentos de tratamentos com células-tronco
Hoje, em novembro de 2021, e já com a vacinação avançada na maioria dos países, cientistas continuam buscando a solução para o Covid-19 nas células-tronco. Em uma pesquisa no site Clinical Trials, principal meio de registro de ensaios clínicos do mundo, cruzando as palavras-chaves “stem cell” (célula-tronco em inglês) e “Corona Virus”, encontramos 114 resultados de desenvolvimentos ao redor do mundo. Paralelamente, no site PubMED, da Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA, encontramos 1.823 artigos científicos publicados.
Isso indica que, mesmo com os avanços contra a doença, cientistas ainda enxergam uma grande oportunidade para tratar a Covid-19 com exossomos derivados de células-tronco.
O resultado da Universidade de Miami.
Como falamos, diversas instituições de pesquisas estão utilizando as células-tronco para tratamento da Covid-19. Em janeiro de 2021, a UOL divulgou resultados de uma pesquisa do Diabetes Research Institute, da Universidade de Miami. A pesquisa aponta que as infusões de células-tronco podem reduzir o risco de morte e acelerar o tempo de recuperação de pacientes com casos mais graves de Covid-19.
O ensaio clínico foi feito com 24 pacientes que desenvolveram síndrome da angústia respiratória aguda, que é um tipo de inflamação e muitas vezes fatal, além daqueles que tinham acúmulo de fluido nos pulmões. Cada paciente recebeu duas infusões de células-tronco mesenquimais ou um placebo, com intervalo de dias.
Como resultado, 85% do grupo de pacientes que recebeu as células-tronco mesenquimais sobreviveram, contra 42% do grupo que recebeu o placebo (grupo controle). Os pesquisadores perceberam que o tratamento foi seguro e sem efeitos adversos.
“Nossos resultados confirmam o poderoso efeito anti-inflamatório e imunomodulador de infusões de células-tronco. Essas células inibiram claramente a ‘tempestade de citocinas’, uma marca registrada da covid-19 grave”, disse Giacomo Lanzoni, autor principal da SCTM (Stem Cell Translational Medicine), periódico que divulgou o resultado.
Exossomos: o segredo das células-tronco.
Os exossomos são como pequenos pedaços das células-tronco que são secretados. Naturalmente, encontramos bastante deles nos meios de cultura que fazemos a multiplicação das células-tronco (veja aqui nossos processos de laboratório).
Interessante que essas pequenas partes das células não levam carga genética. Portanto, no caso de usar as células-tronco no tratamento da Covid-19, não há necessidade das células serem da própria pessoa. Essa é uma vantagem imensa, uma vez que esses medicamentos naturais do organismo podem servir de insumos para a fabricação ou aprimoramento de medicamentos de prateleira.
Outras aplicabilidades dos exossomos.
Na mesma linha de raciocínio, pode-se utilizar os exossomos como anti-inflamatórios para tratamento de diversas doenças que têm a inflamação como principal desafio. Muitas vezes, a dor está relacionada com a inflamação, e por isso os exossomos também podem ajudar a controlar a dor.
Um caso interessante é para dores de joelho e problemas de cartilagem. Ortopedistas e médicos do esporte já enxergam muitas possibilidades de tratamentos utilizando células-tronco. Elas poderiam controlar a inflamação do joelho dos pacientes e atletas profissionais, e, se as células-tronco fossem do próprio paciente, também induzir a regeneração do tecido da cartilagem.
Da mesma maneira estão estudando células-tronco e seus exossomos para tratamento do Alzheimer. Estudos já relacionaram a doença de Alzheimer com um processo inflamatório grave do cérebro. Por isso, os exossomos também são estudados para serem administrados em pessoas com Alzheimer, buscando desacelerar a progressão da doença.
Preserve células-tronco o quanto antes!
Viu só? As células-tronco são famosas pela regeneração e formação de novas células do organismo, mas elas possuem muitas outras aplicabilidades para a saúde que não são tão conhecidas.
Obrigado por ler até aqui, esperamos que tenha gostado. Continue lendo nosso blog para se encantar ainda mais com o universo das células-tronco e da medicina regenerativa.
Até um próximo texto! 🙂