O teste do pezinho, tão importante para a saúde do bebê, ganhou maior abrangência com a Lei 14.154, sancionada em 2021. A nova legislação aumentou o número de doenças rastreadas no exame para até 50. Realizado entre o terceiro e quinto dia de vida da criança, o procedimento coleta uma pequena amostra de sangue do calcanhar do recém-nascido para identificar condições metabólicas, genéticas e infecciosas.
Segundo a pediatra Bruna de Paula, o diagnóstico precoce permite um tratamento rápido, ou seja, evita complicações futura. “Muitas das doenças detectadas pelo teste do pezinho não apresentam sintomas nos primeiros meses de vida. Ele permite, por exemplo, o início imediato de tratamento adequado e evita agravamentos, garantindo mais qualidade de vida para a criança”, avalia a médica.
Expansão do teste do pezinho no SUS
A ampliação da abrangência do teste será gradual. Na primeira etapa, incluem-se doenças como toxoplasmose congênita e alterações na hemoglobina. Das etapas seguintes farão parte doenças metabólicas e imunológicas, e, por fim, doenças genéticas raras, como a atrofia muscular espinhal. “Ao ampliar a possibilidade de diagnostico precoce de mais doenças, além dos benefícios que já citei, haverá menor gastos com internações, tratamentos complexos e cuidados de longa duração no futuro.” A médica ainda destaca que o governo poderá direcionar o dinheiro para outros programas que aumentem a qualidade de vida das crianças.
Implementação do teste do pezinho em 2024
Atualmente, a ampliação completa do teste do pezinho ainda enfrenta desafios. Até agora, o Ministério da Saúde ainda discute prazos para implementar todas as etapas. Em 2024, de acordo com audiências públicas na Comissão de Saúde, deputados destacaram que a ampliação completa do teste do pezinho, embora prevista para 2022, ainda não foi efetivada integralmente. Portanto, questões como a disponibilidade de recursos e a logística de treinamento e infraestrutura são alguns dos pontos críticos debatidos no Congresso, e o Ministério da Saúde tem sido questionado sobre a previsão dos próximos passos.
Benefícios para a saúde pública
Em resumo, a implementação do teste do pezinho ampliado no SUS beneficia tanto as crianças quanto a saúde pública. Estima-se que doenças raras afetam cerca de 6% a 8% da população mundial. Isso corresponde a aproximadamente 14 milhões de pessoas no Brasil, considerando a população total do país. Dessa forma, é possível que entre 13 e 17 milhões de brasileiros vivam com alguma doença rara. Além disso, aproximadamente 75% dos casos se manifestam na infância. “O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento eficaz, bem como evita o agravamento de condições que causariam deficiências graves como, por exemplo, convulsões e outras complicações no desenvolvimento das crianças”, finaliza a pediatra.