Muitos profissionais de saúde acreditam que o futuro da medicina pode ser encontrado nas terapias com células-tronco. Essas células, quando armazenadas com qualidade, possibilitam não o tratamento, mas sim a regeneração do corpo. Isso significa que, nesse caso, o objetivo não é cicatrizar, mas sim regenerar e substituir as células lesionadas no local. Entretanto, em muitos casos, só as células-tronco não são suficientes para realizar o tratamento. Precisa-se desenvolver um receptáculo, uma “casa”, para as células-tronco se acoplarem. Por isso, hoje vamos explicar um pouquinho mais sobre o uso de biomateriais e células-tronco.
O que são biomateriais?
Os biomateriais são estruturas criadas para serem utilizadas na medicina moderna, podendo ser sintéticos ou orgânicos. São materiais que entram em contato com sistemas biológicos. Geralmente são utilizados para substituir tecidos lesionados ou desempenhar funções biológicas específicas. Próteses, implantes dentários, marcapassos e até mesmo lentes de contato são alguns dos biomateriais mais conhecidos.
Biomateriais e células-tronco
Em muitos casos as células-tronco podem ser implantadas diretamente no organismo, por exemplo por via intravenosa. Entretanto, em muitas outras situações elas precisam de um Scaffold, uma “casinha” para ela ficar e começar a promover a regeneração.
Nesses casos, a medicina regenerativa necessita de basicamente três fatores para realizar a sua proposta: células-tronco, biomateriais e sinalizadores. Esse último são sinais químicos que podem ser utilizados nos biomateriais e que dirão às células-tronco qual papel ela deve desempenhar naquele ambiente.
Biocurativo contra feridas de diabetes
Entre os exemplos de biomateriais que utilizam células-tronco, um biocurativo desenvolvido no Brasil é a novidade mais recente. Pesquisadores do InSITU, liderados pela bióloga Carolina Caliari, utilizaram células-tronco mesenquimais com biocurativos, impressos em impressoras 3D. O objetivo é regenerar lesões que demorariam meses ou anos em pessoas com diabetes. A pesquisadora comenta que o processo não gera rejeição. O biocurativo é, na realidade, placas de hidrogel de 1 por 1 centímetro. Para isso, o processo de descongelar as células-tronco, multiplicar e imprimir demora, em média, uma semana. A pesquisa, divulgada pela Veja Saúde, comenta que a diabetes é a segunda maior causa de amputações no Brasil.
Película para regenerar o tecido cardíaco
No início de 2020 fomos surpreendidos pelo primeiro caso de transplante cardíaco evitado por conta das células-tronco. Pesquisadores japoneses da Universidade de Osaka, liderados pelo professor Yoshiki Sawa, da Unidade de Cardiologia, implantaram uma folha biodegradável no coração de um paciente. Eles implantaram células-tronco na folha biodegradável e posicionaram a folha em cima do coração do paciente. A expectativa é que as células e o biomaterial secrete proteínas que induza a criação de novos vasos sanguíneos e melhore as funções cardíacas. A folha tem entre 4 e 5 centímetros de comprimento, e 0,1 milímetros de espessura. A matéria foi publicada no site da universidade.
Implante dentário com função de regeneração óssea
Um dos problemas encontrados na implantodontia são casos quando o osso do paciente é absorvido, dificultando a instalação do implante. Entretanto, cientistas já estudam promover a regeneração guiada dos tecidos ósseos utilizando células-tronco. Os pesquisadores relatam da importância dos fatores de crescimentos (sinais químicos que comentamos) para as células saberem como devem promover a regeneração óssea. Na ocasião, a equipe de pesquisadores também estudavam gerar células epiteliais da gengiva. Segundo o pesquisador Gilson Beltrão, em publicação da Universidade Federal de Goiás, o custo dos implantes convencionais podem cair significativamente, uma vez que o procedimento não é caro e o tempo de recuperação é mais rápido.
Hidrogel para lesões na cartilagem
Em 2013 cientistas da Universidade de John Hopkins e Stanford realizaram o transplante de células da cartilagem para regenerar o local lesionado. A proposta dos pesquisadores foi de criar pequenos furos (chamados de microfraturas) próximos à cartilagem danificada. O método busca implantar células-tronco do próprio paciente nas fraturas e induzir a regeneração. Entretanto, os médicos tentaram associar as microfraturas ao uso de hidrogel, acreditando que o gel agiria como uma espécie de alicerce para a cartilagem crescer. De acordo com os pesquisadores, 86% dos pacientes que se trataram com o hidrogel tiveram o defeito na cartilagem corrigido, enquanto somente 64% dos que passaram pelo procedimento de microfratura tiveram o defeito corrigido. Ainda, dentre o grupo que recebeu o hidrogel, 12 tiveram mais de 75% da cartilagem recuperada. A pesquisa foi divulgada pela VEJA.
Células-tronco como nova forma de saúde.
Esse texto é mais um exemplo do uso de células-tronco como forma de saúde e prevenção. Hoje, graças à tecnologia e trabalhos incessantes de profissionais de saúde, pesquisadores, órgãos regulatórios e sociedades especializadas, é possível armazenar células-tronco em laboratórios como o da R-Crio, preservando um material jovem e valioso que poderá ser utilizado quando for necessário.
Em outros textos falamos sobre as terapias celulares aprovadas ao redor do mundo, e explicamos a maneira como algumas delas funcionam. Além disso, também já evidenciamos sobre o progresso da Anvisa em relação às terapias celulares, as quais serão entendidas como uma nova classe de medicamentos no Brasil.
Por hoje é só! Esperamos que você tenha gostado desse texto e que ele tenha lhe inspirado também.