Com sintomas muitas vezes silenciosos que levam ao diagnóstico tardio, o linfoma é perigoso e fatal se não tratado rapidamente. Antes de tudo, saiba que a doença é um tipo de câncer que atinge o sistema linfático, parte essencial do sistema imunológico do corpo. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 4 mil pessoas morrem anualmente de linfoma no Brasil. Nos últimos 20 anos os casos têm aumentado, foram aproximadamente 12 mil novos diagnósticos em 2022. Nesta entrevista, a médica hematologista e professora da Unisul Tubarão/SC Carolina Wiggers, tira as dúvidas mais comuns sobre a condição.
O que é linfoma?
Um grupo de neoplasias malignas que se originam nas células do sistema linfático, que faz parte do sistema imunológico. Dessa forma, provocam um crescimento anormal e descontrolado de células nos linfonodos e no baço.
Quais os tipos de linfoma?
Se dividem em dois grandes grupos: o Linfoma de Hodgkin e os Linfomas Não-Hodgkin. O primeiro é mais raro e apresenta a presença das células Reed-Sternberg. O segundo grupo varia mais, tem 20 tipos diferentes e se classifica conforme o tipo de célula afetada e a agressividade da doença.
Qual o mais agressivo?
Após o diagnóstico, o linfoma é classificado conforme sua extensão e agressividade. Entre os mais agressivos estão o Linfoma Difuso de Grandes Células B (DLBCL) e o Linfoma de Burkitt, que podem ter evoluções desfavoráveis se não tratados rapidamente. No entanto, com tratamento precoce, esses tipos costumam ter boas taxas de cura.
O linfoma é hereditário?
A doença não é considerada hereditária. Contudo, surge a partir de mutações genéticas nos glóbulos brancos chamados linfócitos.
Quais os principais sintomas do linfoma?
O linfoma pode se manifestar de diversas maneiras. Entre os sintomas mais comuns estão o aumento dos linfonodos (gânglios linfáticos) no pescoço, axilas, virilha e abdome, sudorese noturna, perda de peso inexplicável, fadiga, febre, coceira intensa, além de sintomas respiratórios como falta de ar e tosse persistente.
Quando procurar um médico?
O diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. Ou seja, caso haja aumento dos linfonodos, febre persistente, suores noturnos ou perda de peso inexplicável, é importante procurar um médico para avaliação.
Quais as causas?
Embora as causas exatas do linfoma não sejam totalmente conhecidas, alguns fatores de risco estão associados à doença. Esses incluem, por exemplo, infecções por vírus como Epstein-Barr e HIV, exposição a agrotóxicos e radiação, além de doenças autoimunes.
Como é o diagnóstico?
Frequentemente, os médicos iniciam o diagnóstico do linfoma com a avaliação clínica e confirmam por biópsia dos linfonodos, complementada por exames de imagem, como PET-CT e tomografias, para avaliar a extensão da doença.
Por que a doença tem diagnóstico tardio?
Os linfomas se dividem em indolentes e agressivos. Os indolentes apresentam poucos sintomas iniciais, o que pode atrasar o diagnóstico. Como os linfomas agressivos progridem rapidamente, os médicos os detectam mais cedo.
Como é o tratamento?
O tratamento depende do tipo de linfoma, do estágio da doença e da condição geral do paciente. Nesse sentido, pode incluir quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e transplante de células-tronco. Portanto, os médicos avaliam cada caso de forma individual para garantir o melhor tratamento possível.
Qual o médico responsável pelo tratamento?
Um hematologista. Em outras palavras, especialista em doenças do sangue e do sistema linfático.
Tem cura?
Sim, tem. No entanto, linfomas indolentes são menos curáveis do que os agressivos, que podem evoluir rapidamente sem tratamento. Em contrapartida, os linfomas agressivos têm altas taxas de cura quando tratados precocemente.