A escoliose é uma condição que afeta muitas pessoas ao redor do mundo e, além disso, está diretamente ligada a problemas posturais, como, por exemplo, dores nas costas e desconfortos na região lombar. A curvatura anormal da coluna vertebral caracteriza a condição, que pode ocorrer na região torácica, lombar ou cervical. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a escoliose afeta aproximadamente 4% da população mundial.
De acordo com ortopedista e cirurgião de coluna no Hospital Albert Einstein, Luciano Miller, é possível identificar a escoliose apenas pela observação das costas do paciente. “A coluna pode apresentar-se com uma curvatura em “C” ou, em casos mais graves, em “S”. Outras características visíveis incluem assimetrias no quadril, nas pernas ou na caixa torácica, além de uma inclinação do corpo para um dos lados”, explica o médico.
Ainda segundo ele, o diagnóstico geralmente começa com um exame físico detalhado. Ou seja, o especialista observa a coluna enquanto o paciente se inclina para frente. Em alguns casos, exames de imagem, como radiografias, podem ser necessários para avaliar com mais precisão a extensão da curvatura.
Escoliose idiopática
A escoliose idiopática é o tipo mais comum, representa cerca de 80% dos casos. A causa permanece desconhecida e pode ocorrer em diferentes faixas etárias. Ela se subdivide em quatro categorias:
- Escoliose Idiopática Infantil (até 3 anos)
- Escoliose Idiopática Juvenil (de 3 a 9 anos)
- Escoliose Idiopática do Adolescente (de 10 a 18 anos)
- Escoliose Idiopática do Adulto (após 18 anos)
“Entre essas, a Escoliose Idiopática do Adolescente é, sem dúvida, a mais comum, especialmente em meninas, que, aliás, são até oito vezes mais afetadas do que meninos“, conta Luciano. Geralmente, não há dor associada a esse tipo de escoliose. Além disso, a deformidade na coluna e nas costelas é a principal característica. Em crianças, os sintomas podem, inicialmente, não ser visíveis, mas surgem à medida que o crescimento rápido do corpo aumenta o risco de progressão da curvatura. “Muitas vezes, não há necessidade de tratamento, dependendo, é claro, da evolução do quadro”, avalia.
Malformações na coluna vertebral
A escoliose congênita ocorre devido a malformações na coluna vertebral que se desenvolvem antes do nascimento, geralmente entre a 3ª e a 8ª semana de gestação. Esse tipo é raro, representando apenas 1% dos casos, e está associado a defeitos de formação das vértebras, como vértebras não formadas, fundidas ou com defeitos de segmentação. Essas malformações podem estar relacionadas a problemas de desenvolvimento em outros órgãos.
Escoliose Neuromuscular
Condições neurológicas ou musculares, como paralisia cerebral, distrofia muscular, lesões na medula espinhal (trauma raquimedular), poliomielite, entre outras doenças, causam a escoliose neuromuscular. Esse tipo apresenta uma curvatura progressiva rápida, muitas vezes em formato de “C”, e os exames de imagem frequentemente identificam essa característica.
Luciano Miller destaca que, entre os riscos dos diferentes tipos estão dores nas costas e em outras partes do corpo, dificuldades respiratórias e reações no sistema cardíaco. “A escoliose se torna grave quando a curvatura ultrapassa 40 graus, o que exige correção cirúrgica. Em casos mais leves, os médicos podem optar por não realizar tratamento e monitorar a evolução conforme as características da curvatura”, finaliza o médico.
Em conclusão, diagnóstico e o tratamento devem ser sempre realizados por um médico especializado. Esse profissional avaliará a gravidade do quadro e a necessidade de intervenções.