As terapias com CTMs – células-tronco mesenquimais – estão na vanguarda da medicina regenerativa, renovam as esperanças para o tratamento de doenças e lesões. De fato, essas terapias envolvem o uso de células para restaurar a função de tecidos ou órgãos danificados. Entre as várias abordagens, as terapias celulares com células-tronco mesenquimais se destacam por seu enorme potencial terapêutico.
Um exemplo é o trabalho da cirurgiã-dentista, pesquisadora e geneticista Daniela Bueno, que utiliza células-tronco para tratar fissura labiopalatina em crianças, uma malformação que acontece no início da gestação, entre a quarta e a décima segunda semana e pode acometer os lábios superiores e o palato (céu da boca).
Medicamento biológico personalizado
“As CTMs são encontradas em diversos tecidos do corpo, como dentes de leite, sisos, tecido adiposo e até no palato. Consequentemente, essas células possuem a capacidade única de se transformar em diferentes tipos de células, como ósseas, cartilaginosas e adiposas. Isso as torna uma opção promissora para tratamentos de doenças degenerativas, lesões e até condições autoimunes”, explica o cientista e CEO da R-Crio, José Ricardo Muniz Ferreira.
Além da versatilidade, as CTMs apresentam propriedades imunomoduladoras. Em outras palavras, essas células podem ajudar a regular a resposta imunológica do corpo. A característica é especialmente importante no tratamento de doenças autoimunes, onde o sistema imunológico ataca os próprios tecidos do corpo.
Aplicações terapêuticas inovadoras das CTMs
No Brasil e no mundo, pesquisas sobre terapias celulares com CTMs já demonstram resultados promissores. Por exemplo, estudos indicam a eficácia no tratamento de lesões na medula espinhal, regeneração de cartilagem em articulações danificadas e no combate a doenças autoimunes. Um exemplo notável é o uso dessas células no tratamento de artrite reumatoide, que tem mostrado redução significativa na inflamação e melhora na mobilidade dos pacientes.
Outras áreas de pesquisa incluem a aplicação das terapias celulares com CTMs na cicatrização de feridas crônicas, como úlceras diabéticas, e no tratamento de doenças cardíacas, como insuficiência cardíaca. Assim, esses estudos indicam que essas terapias podem promover a regeneração de tecidos de forma eficaz e segura.
O trabalho de Túlio Navarro, Alan Dardik, da pesquisadora Lara Lellis Minchillo e da bióloga Lucíola Barcelos, por exemplo, elaborado por meio de uma parceria entre a Faculdade de Medicina da UFMG, a Universidade de Yale (EUA) e o Instituto de Ciências Biológicas (IBC), da UFMG, evitou, em 2019, pela primeira vez no mundo, a amputação em um paciente de cirurgia vascular diabética.
O grupo foi pioneiro no uso de células-tronco no tratamento de pé diabético e isquemia de membro inferior no mundo. Já realizaram três procedimentos e, segundo eles, ainda não foram identificadas outras equipes de pesquisa que trabalham na mesma frente.
O futuro promissor das terapias com CTMs
Com o contínuo avanço das pesquisas, as terapias celulares prometem expandir ainda mais suas aplicações, trazendo soluções inovadoras para doenças antes consideradas incuráveis. Além disso, o futuro da medicina regenerativa está cada vez mais entrelaçado com o desenvolvimento de terapias celulares, abrindo caminho para uma nova era na área da saúde.
A crescente acessibilidade dessas tecnologias também contribui para sua popularização. Nesse sentido, instituições como a R-Crio, ao redor do mundo, investem em bancos de células-tronco e na formação de profissionais capacitados. Dessa forma, mais pacientes poderão se beneficiar dessas inovações nos próximos anos.