Cérebro e mudanças extremas estão intimamente ligados quando o assunto é comportamento humano. É comum, no início de cada ano, as pessoas traçarem metas relacionadas à saúde e ao emagrecimento. No entanto, mudanças extremas, como tentar perder grande quantidade de peso rapidamente ou fazer alterações radicais na rotina, frequentemente levam à frustração e ao abandono das resoluções. Segundo dados, cerca de 80% dessas metas são deixadas de lado até fevereiro, evidenciando como o cérebro humano rejeita transformações abruptas.
“Quando pensamos em perder muito peso rapidamente, abandonar o sedentarismo de forma abrupta ou cortar alimentos que gostamos, o cérebro associa tudo isso à dor. Dessa forma, automaticamente, busca formas de prazer, o que muitas vezes nos afasta do caminho e dificulta a adesão ao processo”, explica a psicanalista Bruna Abrão, especialista em comportamento alimentar.
O que acontece no cérebro com as mudanças extremas?
Mudanças extremas geram resistência no cérebro devido ao seu mecanismo natural de evitar dor e buscar prazer. Ao traçar metas muito ambiciosas, como por exemplo cortar alimentos favoritos ou realizar exercícios intensos, o cérebro entra em alerta. A especialista destaca que pequenas mudanças, como incluir caminhadas curtas ou reduzir gradativamente o consumo de alimentos pouco saudáveis, são mais eficazes.
“Metas menores geram pequenas vitórias, que liberam dopamina, o neurotransmissor associado à motivação. Ou seja, esse ciclo de recompensas é essencial para mantermos o engajamento”, pontua Bruna.
Mudanças extremas podem desencadear a fome emocional
A fome emocional também é ativada no cérebro por mudanças extremas. Um fator que pode dificultar o alcance de objetivos. “Muitas vezes, a fome que sentimos não é física, mas emocional. Identificar emoções como ansiedade ou estresse é o primeiro passo para retomar o controle”, orienta Bruna. Ao compreender essa diferença, torna-se mais fácil optar por escolhas alimentares conscientes e alinhadas às metas pessoais.
Respeite seu cérebro: adapte suas metas
O ajuste das metas é essencial para lidar com as limitações naturais do cérebro diante de mudanças extremas. “Dividir grandes objetivos em passos menores, como perder dois quilos no primeiro mês em vez de dez, é mais eficaz e menos desgastante para a mente”, sugere Bruna. Substituições graduais, como trocar refrigerantes por água com gás ou adicionar frutas aos lanches, ajudam a criar um progresso consistente e duradouro.
Seja flexível, porém disciplinado
Cérebro o cérebro precisa de flexibilidade para se adaptar as mudanças extremas e manter o equilíbrio. Ajustar metas às condições individuais e celebrar pequenas conquistas promovem motivação e evitação da frustração. ” Nesse sentido, recompensar cada conquista é uma forma de reforçar a motivação, Além disso, fortalece o senso de realização”, diz Bruna.
“A mudança sustentável não está em adotar medidas drásticas, mas em criar um estilo de vida compatível com as demandas do dia a dia. Assim, respeite os limites do corpo e da mente. Metas realistas são o caminho para evitar frustrações e construir resultados que se mantenham ao longo do tempo”, conclui a psicanalista.