Células-tronco no esporte

Sabemos que os exercícios físicos e a prática regular de esportes é uma das principais atitudes para evitarmos problemas de saúde futuros, como diabetes, obesidade, hipertensão e doenças respiratórias crônicas, porém a prática em excesso também pode comprometer sua qualidade de vida futuramente. Olhando para isso, o uso de células-tronco no esporte vem ganhando grande força entre ortopedistas do mundo, permitindo que, por meio do armazenamento de células-tronco, seus pacientes tenham a possibilidade de realizar terapias celulares.

Exercícios de alto impacto

A prática de exercícios físicos mudou bastante nos últimos tempos. Antes era mais comum treinarmos em máquinas com roldanas, esteiras e bicicletas ergométricas, mas hoje o exercício funcional e de alto impacto, como o crossfit, está em grande crescimento.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Journal of Strength and Conditioning, publicada na revista Nature, e divulgada pelo site Uai, a incidência de lesões em praticantes de crossfit é alta. Os pesquisadores avaliaram 132 pessoas, e 73,5% relatou algum tipo de lesão, entre estes, 7% foi submetido a cirurgias. A maioria das lesões foram nos ombros e colunas. Em contra partida, outras pesquisas relatam que uma lesão anterior e a variação da carga de treino é um indicador relevante para novas lesões no crossfit.

Além dos praticantes comuns, temos também uma grande mudança no esporte profissional. Hoje em todas as áreas do esporte temos atletas com rendimentos melhores, treinos mais otimizados – mais exigentes -, e consequentemente mais lesões. A diferença muscular e de desempenho entre atletas de 1960 para os atletas atuais é gritante.

células-tronco no esporte

O problema é que nosso corpo não foi feito para tanto esforço. Assim como falamos nesse outro texto sobre a longevidade, precisamos ter em mente que vamos envelhecer. Como resultado, atletas estão se aposentando mais cedo, e dores de coluna e joelho estão cada vez mais presentes na sociedade.

Células-tronco no esporte

As células-tronco mesenquimais são aquelas formadoras de tecidos e órgãos do corpo. Com isso, além de outras células, elas podem formar células de ossos, gordura, pele e cartilagem. Além disso, outra capacidade muito promissora das células-tronco mesenquimais é sua capacidade de controle inflamatório. Esse controle é chamado de imunomodulação. Ela consegue “modular” a resposta inflamatória do organismo, controlando níveis de dor e complicações causadas pela inflamação.

Doutor Tiago Lazzaretti, que atua no grupo de medicina do esporte do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, recentemente conduziu pesquisas sobre essa forma de terapia. De acordo com o doutor, a ortopedia está se tornando mais personalizada. Antes era comum utilizar elementos mecânicos – placas, parafusos, próteses -, mas a prática médica está em transição para mais tratamentos personalizados e/ou com uso da biologia.

Ele complementa que o uso de células-tronco no ambiente lesionado permite que ela regule as outras células dos sistema inflamatório, diminuindo a inflamação, e ainda estimular a produção de cartilagem. Lesões de cartilagem que se acumulam ao longo do tempo podem levar a problemas como artrite ou artrose, doenças consideradas sem cura atualmente.

células-tronco no esporte

Um time de futebol brasileiro campeão mundial já está olhando para essas vantagens. A R-Crio realizou diversas coletas dos jogadores para criopreservar suas células-tronco, assim preservando suas células para serem transformadas em células de cartilagem, ou outro tipo celular, quando houver necessidade. Leia aqui sobre a coleta de células-tronco para adultos.

Vantagens para o paciente e para o hospital

A R-Crio teve acesso a resultados de uma pesquisa para reparo da cartilagem utilizando terapia celular. Os procedimentos foram realizados em 87 pessoas com lesão focal osteocondral monolateral do domo talar (osso próximo ao calcanhar). Eles foram divididos em 3 grupos. Dois receberam infusões de condrócitos (células do tecido cartilaginoso) e o terceiro grupo recebeu células-tronco da medula óssea com 2%-3% de células-tronco mesenquimais.

Após 36 meses de acompanhamento, pacientes dos três grupos apresentaram melhoras semelhantes. Entretanto, a diferença de custos entre os procedimentos foi expressiva. Os procedimentos realizados no primeiro grupo teve uma somatória de 14,305€. No segundo grupo, os dois procedimentos uma somatória de 9,696€. Esses grupos necessitaram de dois procedimentos, e pelo menos 3 dias de recuperação. O terceiro grupo realizou somente um procedimento, e três dias de recuperação, porém custou 4,348€. Como exemplo, ele representou só 30% dos custos do primeiro procedimento.

O que isso quer dizer? Apesar das terapias celulares ainda não estarem popularizadas no Brasil, a estimativa é que os custos envolvidos no tratamento são consideravelmente menores do que procedimentos tradicionais. Ou seja, a terapia celular pode evitar cirurgias e procedimentos invasivos, necessidade de enxertos, custos de internação, ocupação de leito e honorários dos médicos. Uma matéria publicada em 2015 sobre regeneração de fenda palatina com células-tronco fala sobre isso.

Casos de destaque de uso das células-tronco no esporte

Apesar de termos poucas informações dos resultados e métodos utilizados, as terapias celulares já apareceram em diversas matérias da mídia. Veja alguns casos de destaque:

Juan Martín del Potro

O tenista argentino, que já foi número 3 do mundo, foi até Porto Alegre para realizar uma terapia celular simples, onde não há manipulação das células em laboratório. Segundo a matéria da GZH, ele foi tratar uma lesão no joelho direito por meio de um procedimento chamado BMAC (concentrado aspirado de medula óssea, na sigla em inglês).

Cristiano Ronaldo

Em 2016 o craque português passou por um tratamento com células-tronco, segundo o Portal Terra. Foram retiradas células-tronco do tecido adiposo do jogador e aplicadas na lesão da articulação do jogador. Ele havia se lesionado na semifinal do campeonato, porém na final já estava recuperado com ajuda da terapia celular, e até mesmo fez o gol da vitória. A R-Crio faz a coleta do tecido adiposo para armazenamento de células-tronco.

Rodrigo Dourado

O jogador do Internacional também passou por um procedimento com células-tronco. O Globo Esporte publicou em julho de 2020 que o jogador recorreu ao tratamento para acelerar a cicatrização do edema ósseo no joelho esquerdo. O modo de tratamento, conforme apurado pela Globo, também foi a aplicação de BMAC. A matéria da revista gaúcha GZH também tem informações sobre o caso.

Neymar Jr.

O jornal O Globo divulgou em 2019 informações de que uma suposta ida do jogador à Barcelona tinha a ver com a mesma aplicação de células-tronco feita pelo tenista espanhol Rafael Nadal, em 2014. Neymar recebeu células-tronco e plasma rico em plaquetas (PRP), material biológico utilizado para estimular a regeneração de tecidos lesionados.

Outros casos

Rodrigo Minotauro, Mike Tyson, Anderson Silva, Lucas Gaúcho e Peyton Manning são alguns dos nomes também mencionados pela mídia, todos casos relacionados a ortopedia.

O que podemos esperar do uso de células-tronco no esporte

O uso de células-tronco é um caminho sem volta para a prática médica, uma vez que elas apresentam soluções naturais e nunca encontradas na química. Todavia, ainda temos um caminho para percorrer. Em 2020, a Anvisa publicou diretrizes para registro de terapias celulares dentro do Brasil. Com isso podemos esperar grandes avanços em curto prazo aqui no Brasil.

Ainda, o armazenamento de células-tronco não é mais restrito à crianças e recém-nascidos. A R-Crio já possui duas fontes de coleta além do dente de leite: por meio do tecido adiposo e do periósteo do palato.

Por isso, como conclusão, além do uso de células-tronco no esporte, podemos pensar em uma sociedade inteira com suas células-tronco armazenadas para utilizar em diferentes oportunidades, sejam elas para doenças e condições graves, ou para utilizar em situações mais comuns, como rejuvenescimento facial, regeneração de cicatrizes e tratamento de calvície, por exemplo.


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