Como ansiedade e depressão afetam o coração?
Ansiedade e depressão não afetam apenas o bem-estar mental, mas também impactam diretamente a saúde cardiovascular. Segundo a cardiologista Patrícia Oliveira, do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, esses transtornos estão ligados a um maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares e piora de condições existentes.
“É comum que em festas de final de ano, por exemplo, pacientes com ansiedade e depressão frequentemente mudem suas rotinas de autocuidado, diminuam a atividade física e abandonam tratamentos medicamentosos. Essas mudanças podem levar a distúrbios alimentares e aumento da pressão arterial”, destaca a cardiologista.
O elo entre mente e coração
A conexão entre o coração e o estado emocional é profunda. “Transtornos mentais como ansiedade e depressão desencadeiam alterações biológicas significativas, alterando as vias de sinalização entre o sistema nervoso central e os órgãos. Eles também aumentam as citocinas inflamatórias, agravando condições como aterosclerose e isquemia miocárdica”, explica a médica.
Ela ainda explica que essa relação também é evidenciada na síndrome do coração partido, uma cardiopatia induzida pelo estresse que simula o infarto agudo do miocárdio, mas sem as lesões obstrutivas nas artérias. “O estresse, a ansiedade e a depressão, por exemplo, ativam o sistema neuro-hormonal, reduzindo o fluxo sanguíneo e causando lesão celular”, alerta a especialista.
Prevenção e cuidados multidisciplinares
A prevenção dos impactos da ansiedade e depressão no coração exige uma abordagem multidisciplinar. “Uma equipe formada por cardiologistas, psicólogos e psiquiatras é fundamental, principalmente para pacientes que já enfrentaram eventos cardíacos”, orienta Patrícia.
Entre as medidas recomendadas estão:
- Terapias psicológicas e psiquiátricas: tratam os transtornos mentais, como ansiedade e depressão e reduzem o risco cardiovascular.
- Exercícios físicos regulares: promovem bem-estar emocional e melhoram a saúde do coração.
- Uso de medicações adequadas: controlam sintomas emocionais e previnem complicações cardíacas.
A cardiologista também destaca a importância de protocolos clínicos para detectar precocemente transtornos mentais em pacientes com problemas cardiovasculares. “O equilíbrio emocional é tão importante quanto o controle de fatores tradicionais, como colesterol e pressão arterial. Ou seja, ao cuidar da saúde mental, cuidamos também do coração”, conclui Patrícia.