A saúde emocional pode ser terrivelmente prejudicada pelo uso excessivo de telas, impactando tanto nos relacionamentos quanto na estrutura física do cérebro. De acordo com o Relatório Digital 2024, o Brasil ocupa a segunda posição no tempo que os usuários passam on-line diariamente. Ou seja, a média é de 9 horas e 13 minutos. Essa superexposição às telas prejudica o tempo dedicado a atividades essenciais. Isso inclui, por exemplo, a convivência social, atividades físicas e o descanso adequado. Todas essas atividades são fundamentais para manter a saúde emocional em equilíbrio.
A saúde emocional e a “fissura” on-line
Segundo a psicóloga Bárbara Couto, o uso excessivo de telas, especialmente as redes sociais, pode se transformar em um vício. Sendo assim, as consequências são semelhantes às de dependências químicas, como álcool ou drogas. “Os estudos mostram que o uso exagerado da internet resulta em sintomas de dependência, afetando várias áreas da vida das pessoas.” Ela ainda afirma que a substituição das interações sociais por atividades digitais igualmente afeta a produção de hormônios como ocitocina, dopamina e serotonina, essenciais para o bem-estar emocional. “Isso pode isolar ainda mais o indivíduo, agravando quadros de ansiedade e depressão”, adverte.
Os jovens e o impacto das redes sociais
“Os jovens estão entre os mais vulneráveis aos efeitos das redes sociais na saúde emocional. Eles veem padrões irreais de beleza, sucesso e felicidade, o que pode gerar sentimentos de inadequação e baixa autoestima. A pressão para atingir os ideias mostrados nas redes sociais afeta a autoestima e a saúde emocional, que muitas vezes se sentem insuficientes por não conseguirem alcançar o que veem. Esse cenário pode gerar ansiedade, depressão e até crises de identidade em muitos casos”, afirma Bárbara.
Efeito das telas no cérebro
Segundo estudos, além das mudanças comportamentais, o uso abusivo de telas pode alterar a morfologia do cérebro, especialmente nas áreas responsáveis pela regulação emocional. Dessa forma, se expor por muito tempo as tecnologias prejudica o córtex pré-frontal, resultando em dificuldades para regular emoções, tomar decisões e controlar impulsos. “Essas mudanças afetam a capacidade de processamento de recompensas e podem aumentar o déficit cognitivo e a ansiedade. Para minimizar esses efeitos, é importante limitar e monitorar o uso de telas desde a infância”, finaliza a psicóloga.